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Prazo para Desocupação de Imóvel em União Estável: Decisão do TJSC

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O Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) decidiu ampliar o prazo para desocupação de imóvel em união estável para uma mulher contaminada pelo ex-companheiro com uma infecção sexualmente transmissível (IST). Além disso, o tribunal revogou a cobrança de taxa de ocupação, garantindo que ela e sua filha possam permanecer na residência por mais 12 meses após o trânsito em julgado da decisão.

Essa decisão inovadora aplica o Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), reconhecendo a necessidade de reparação da violência sofrida e a importância de garantir um ambiente seguro e digno para mãe e filha.

Mas o que essa decisão significa na prática? Como ela pode impactar outros casos de dissolução de união estável e direito à moradia? Neste artigo, vamos explicar os detalhes do julgamento e suas implicações jurídicas.


Contexto do Caso: Infecção e Direitos na União Estável

O casal viveu junto por 12 anos e teve uma filha. Durante a gestação, a mulher descobriu que havia sido contaminada pelo HIV, o que teria ocorrido devido a relacionamentos extraconjugais do companheiro. Apesar disso, a relação perdurou entre 2009 e 2021, até a separação definitiva.

Na primeira instância, a Justiça determinou que a mulher deveria:

  • Deixar o imóvel em 30 dias.
  • Pagar uma taxa de ocupação de R$ 400,00 (metade do valor pedido pelo ex-companheiro).
  • Dividir a dívida do cartão de crédito de R$ 11.500,00 com o ex-companheiro.

Inconformada, ela recorreu ao TJSC, alegando:

Violência de gênero e vulnerabilidade social.
Necessidade de ampliação do prazo para saída do imóvel.
Pedido para isenção da taxa de ocupação.
Partilha das dívidas da união estável.

O tribunal parcialmente acatou o pedido, trazendo mudanças importantes para casos semelhantes.


Decisão do TJSC: Justiça com Perspectiva de Gênero

A 8ª Câmara Civil do TJSC aplicou o Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero, reconhecendo que o caso envolvia violência patrimonial e violência de gênero.

Principais pontos da decisão:

1️⃣ Ampliação do prazo para desocupação do imóvel

  • O prazo inicial de 30 dias foi ampliado para 12 meses após o trânsito em julgado.
  • Isso garante tempo suficiente para que a mulher e sua filha encontrem uma nova moradia com segurança.

2️⃣ Revogação da taxa de ocupação

  • A Justiça afastou a cobrança de aluguel de R$ 400,00, reconhecendo a situação de vulnerabilidade da mulher e a necessidade de reparação da violência sofrida.

3️⃣ Partilha da dívida do cartão de crédito

  • A dívida de R$ 11.500,00 será dividida igualmente entre o casal.

4️⃣ Reconhecimento da violência de gênero

  • O Protocolo do CNJ foi usado para garantir que o direito de propriedade do ex-companheiro fosse relativizado, em prol dos direitos fundamentais da mulher e da filha.

Essa decisão foi unânime e reforça a necessidade de análises individuais em casos de união estável, especialmente quando há violência e vulnerabilidade social.


Comparação: Direitos na União Estável e No Casamento

A união estável tem algumas diferenças em relação ao casamento quando se trata de direitos à moradia. Veja a tabela abaixo:

AspectoCasamentoUnião Estável
Direito à moradia após separaçãoPode ter direito à partilha do imóvel, mesmo se registrado em nome de um dos cônjugesSe o imóvel foi adquirido antes da união, pode não haver direito à partilha
Proteção contra despejoMaior proteção, dependendo do regime de bensDepende de decisão judicial e análise da vulnerabilidade
Pagamento de aluguel após separaçãoPode ser exigido se um dos cônjuges continuar no imóvelPode ser cobrado, mas pode haver isenção em casos de vulnerabilidade
Aplicação do Protocolo de GêneroSim, em casos de violência patrimonial e psicológicaSim, conforme decisão recente do TJSC

Essa decisão do TJSC pode abrir precedentes para que mulheres em união estável tenham maior proteção contra despejo imediato, principalmente quando há histórico de violência e dependência econômica.


O que essa decisão significa para outros casos?

A decisão do TJSC pode influenciar outras ações judiciais sobre prazo para desocupação de imóvel em união estável.

Para mulheres em situação de vulnerabilidade:

✅ Pode garantir mais tempo para sair do imóvel após a separação.
✅ Pode impedir cobrança indevida de aluguel em casos de violência patrimonial.
✅ Pode incentivar o uso do Protocolo do CNJ para reconhecimento da violência de gênero.

Para o ex-companheiro:

🔴 Pode ter dificuldades para retomar a posse do imóvel imediatamente.
🔴 Pode ser obrigado a esperar o trânsito em julgado para requerer a desocupação.
🔴 Pode ter sua propriedade relativizada, dependendo do contexto da separação.

Para advogados e juízes:

⚖️ Importância de considerar aspectos sociais e psicológicos em decisões sobre moradia.
⚖️ Necessidade de aplicação do Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero.
⚖️ Maior flexibilidade no prazo de desocupação do imóvel, especialmente em uniões estáveis.


Conclusão: Justiça Reconhece Direitos na União Estável

A decisão do TJSC de ampliar o prazo para desocupação de imóvel em união estável e revogar a taxa de ocupação reforça a necessidade de uma abordagem humanizada e justa em casos de separação.

📌 Principais pontos da decisão:
Mulher e filha podem permanecer no imóvel por 12 meses.
Taxa de aluguel foi revogada devido à violência patrimonial.
A dívida do cartão foi dividida entre o casal.
O TJSC aplicou o Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero.

Essa decisão abre precedentes para que mais casos sejam analisados sob a ótica da justiça social e dos direitos fundamentais, garantindo que mulheres em situação de vulnerabilidade tenham tempo e condições dignas para recomeçar suas vidas.

Se você está passando por uma situação parecida, procure orientação jurídica especializada para garantir seus direitos à moradia e à dignidade.

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