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STF devolução de tributos nas contas de luz: entenda a decisão

Créditos de ICMS: riscos, fraudes e impacto da reforma

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a devolução de tributos nas contas de luz representa um marco para os consumidores brasileiros. O julgamento envolve diretamente a chamada “tese do século”, que excluiu o ICMS da base de cálculo do PIS e da Cofins e abriu caminho para a recuperação de valores cobrados indevidamente ao longo de anos.

Neste artigo, vamos detalhar:

  • O que o STF decidiu e quais são os efeitos práticos;
  • Como funciona a devolução dos valores aos consumidores;
  • O impacto para as distribuidoras de energia e para o setor elétrico;
  • A relação da decisão com a “tese do século”;
  • O que esperar daqui para frente.

O que o STF decidiu sobre a devolução de tributos

O Supremo validou integralmente a Lei nº 14.385/2022, que determinou a devolução aos consumidores de valores pagos a mais pelas distribuidoras de energia, devido à exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da Cofins.

A decisão:

  • Confirma o direito dos consumidores à restituição;
  • Exclui do prazo prescricional os valores já devolvidos pelas distribuidoras;
  • Define que a devolução deve respeitar o prazo de dez anos, contados a partir da efetiva restituição às distribuidoras ou da homologação da compensação.

Com isso, os riscos de aumento nas tarifas de energia — por conta de uma eventual necessidade de devolver valores já repassados — foram afastados.


A devolução de tributos já começou

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vinha realizando a devolução desde 2021, antes mesmo da edição da lei. Até 2024, já foram repassados R$ 44,5 bilhões aos consumidores.

Segundo a Advocacia-Geral da União (AGU), ainda restam R$ 16 bilhões a serem devolvidos. A decisão do STF reforça que esse montante deve ser tratado caso a caso, considerando os processos de cada concessionária.


A polêmica: distribuidoras ou consumidores?

Um dos principais pontos de debate foi a reivindicação das distribuidoras de energia. Elas defenderam que parte dos valores deveria permanecer com as empresas, já que foram responsáveis por ajuizar as ações judiciais que possibilitaram a devolução.

O STF, porém, decidiu que:

  • O repasse deve ser integral aos consumidores;
  • Mas reconheceu a possibilidade de dedução dos custos tributários e advocatícios incorridos pelas empresas para mover as ações.

Assim, conciliou a proteção ao consumidor com a realidade operacional das distribuidoras.


Conexão com a “tese do século”

A decisão é um desdobramento da famosa tese do século, que excluiu o ICMS da base de cálculo do PIS e da Cofins.

📌 Entenda:

  • Durante anos, as empresas pagaram contribuições maiores do que deveriam, pois o ICMS era considerado na base de cálculo;
  • Em 2017, o STF decidiu pela exclusão do ICMS, gerando direito à restituição de valores pagos a maior;
  • No setor elétrico, como os tributos são repassados ao consumidor, a discussão ganhou contornos coletivos.

Assim, a devolução de tributos nas contas de luz é uma aplicação prática da tese do século no setor regulado de energia.


Tabela comparativa: antes e depois da decisão do STF

SituaçãoAntes da decisão do STFDepois da decisão do STF
Destino dos valoresIncerteza sobre quem receberia (consumidor ou distribuidora)Consumidor recebe integralmente
Custos das distribuidorasSem previsão de reconhecimentoCustos advocatícios e tributários reconhecidos
Risco de aumento tarifárioAlto, pois poderia haver devolução retroativaBaixo, risco afastado
Prazo de devoluçãoDebatido: 5 ou 10 anosDefinido em 10 anos

Segurança jurídica para o setor elétrico

O julgamento também trouxe reflexos para a segurança jurídica no setor elétrico. Segundo especialistas, a decisão:

  • Reforça a previsibilidade regulatória;
  • Evita distorções tarifárias que poderiam prejudicar milhões de consumidores;
  • Cria um precedente que pode ser seguido por outras agências reguladoras em situações semelhantes.

A advogada Maria Carolina Bachur destacou que os critérios estabelecidos pelo STF podem servir como baliza para outros setores regulados, ampliando o alcance da decisão.


Críticas e preocupações

Apesar dos avanços, alguns pontos ainda geram preocupação no setor:

  • Há um possível desincentivo para empresas buscarem o Judiciário em casos semelhantes, já que os valores retornam integralmente aos consumidores;
  • A definição detalhada dos termos do acórdão será fundamental para garantir clareza sobre a prescrição e os custos reconhecidos;
  • O debate sobre enriquecimento ilícito em ações individuais ainda está em aberto.

Benefício direto ao consumidor

O maior vencedor da decisão é, sem dúvida, o consumidor.

  • O risco de aumento nas tarifas foi afastado;
  • Já houve devolução bilionária e ainda restam R$ 16 bilhões em créditos;
  • A restituição fortalece a confiança dos cidadãos no sistema regulatório.

De acordo com a AGU, a decisão foi “muito significativa” porque garante a restituição justa ao consumidor de energia elétrica.


STF devolução de tributos nas contas de luz: perguntas frequentes

Quem tem direito à devolução?

Todos os consumidores de energia elétrica atendidos pelas distribuidoras que ajuizaram ações e tiveram valores reconhecidos têm direito à devolução proporcional.

Como a devolução é feita?

O repasse ocorre diretamente na conta de luz, como créditos aplicados às tarifas.

Quanto já foi devolvido?

Até 2024, foram devolvidos R$ 44,5 bilhões, e ainda restam cerca de R$ 16 bilhões.

Haverá aumento na tarifa para compensar?

Não. O STF afastou o risco de aumento, justamente porque excluiu os valores já repassados do limite temporal da prescrição.


Impactos futuros da decisão

A decisão sobre a devolução de tributos nas contas de luz vai muito além do setor elétrico. Ela reforça três pontos essenciais:

  1. Defesa do consumidor como prioridade em serviços públicos regulados;
  2. Reconhecimento de custos empresariais quando comprovados;
  3. Precedente regulatório que pode inspirar outras áreas.

No médio prazo, espera-se que a clareza trazida pelo STF reduza disputas judiciais e fortaleça a previsibilidade nas relações entre empresas, consumidores e órgãos reguladores.


Conclusão: um passo histórico para os consumidores

A decisão do STF sobre a devolução de tributos nas contas de luz representa um avanço expressivo na proteção ao consumidor e na estabilidade regulatória do setor elétrico.

O julgamento equilibrou interesses:

  • Garantiu o direito dos consumidores de receber valores pagos a mais;
  • Reconheceu custos legítimos das distribuidoras;
  • Definiu prazos claros para evitar insegurança jurídica.

Mais do que uma vitória judicial, trata-se de uma vitória social. Afinal, em um país com tarifas de energia cada vez mais pesadas no orçamento das famílias, qualquer devolução de tributos faz diferença.

O tema ainda trará novos capítulos, especialmente na forma de aplicação prática pelos tribunais e pela Aneel. Mas a mensagem é clara: no embate entre consumidor e burocracia tributária, o Supremo decidiu em favor de quem está na ponta da conta de luz.

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