O Brasil enfrenta um aumento alarmante nos golpes envolvendo serviços judiciários, que se aproveitam da alta judicialização e da expectativa de pessoas que aguardam benefícios ou indenizações.
Segundo a Serasa Experian, foram registradas 1,2 milhão de tentativas de fraudes só em janeiro de 2025, um aumento de 41,6% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Grande parte dessas tentativas ocorre no meio digital, onde criminosos se passam por advogados, servidores da Justiça ou promotores para enganar suas vítimas.
Neste artigo, você vai aprender:
- Como funcionam os golpes relacionados ao Judiciário;
- Principais táticas usadas pelos criminosos;
- Como verificar informações e se proteger;
- O que fazer se você cair em um golpe.
Por que aumentaram os golpes envolvendo serviços judiciários?
A principal razão é a alta judicialização de temas como:
- Precatórios;
- Revisões de aposentadoria;
- Benefícios assistenciais;
- Indenizações trabalhistas e civis.
Criminosos exploram a expectativa financeira das vítimas, prometendo liberação de valores mediante pagamento antecipado de supostas custas processuais, taxas administrativas ou honorários.
Como os criminosos atuam?
Os golpistas usam táticas cada vez mais sofisticadas para convencer as vítimas, criando uma narrativa com urgência e aparência de legitimidade. Entre as estratégias mais comuns:
- Uso de linguagem técnica e documentos falsificados com brasões oficiais;
- Contato por WhatsApp, e-mail e telefone;
- Clonagem de contas de advogados para pedir dinheiro a clientes.
Principais tipos de golpes envolvendo serviços judiciários
A OAB-DF identificou os esquemas mais recorrentes. Confira:
1. Falso advogado
Criminosos criam perfis falsos com nome e número da OAB, enviando documentos falsificados e alegando processos judiciais para justificar pedidos de depósito.
2. Clonagem de WhatsApp
Golpistas invadem contas de advogados e enviam mensagens pedindo transferências sob pretexto de urgência.
3. Liberação de valores judiciais
Prometem liberar precatórios ou valores de ações mediante pagamento antecipado de “custas cartorárias” ou “taxa administrativa”.
4. Cobrança de honorários inexistentes
Informam a existência de supostos processos e cobram honorários para continuidade da ação.
5. Golpe da pendência judicial
Empresas recebem ligações alegando bloqueio iminente de contas por dívidas, com exigência de pagamento imediato.
6. Representação jurídica fraudulenta
Golpistas se apresentam como representantes legais para cobrar por ações que não existem.
7. Golpe da liberdade
Criminosos prometem liberdade de presos mediante pagamento de fiança ou honorários falsos.
Dados alarmantes sobre fraudes no Brasil
De acordo com a Serasa Experian:
- 1,2 milhão de tentativas de fraudes foram registradas em janeiro/2025;
- Setores mais afetados:
- Bancos e cartões: 52,5% das tentativas;
- Serviços (incluindo judiciais): 33,6%;
- Financeiras: 6,4%.
Isso significa que a cada 2,2 segundos uma tentativa de fraude é feita no país.
Como se proteger contra golpes envolvendo serviços judiciários?
A prevenção é a melhor estratégia. Veja as principais dicas da OAB-DF:
✔ Verifique a inscrição do advogado na OAB:
Acesse cna.oab.org.br e confirme se o profissional existe e está ativo.
✔ Desconfie de urgência e pressão por pagamento:
Golpistas criam sensação de pressa para impedir reflexão.
✔ Não faça transferências sem confirmação:
Sempre valide a informação com fontes oficiais – tribunais, advogados, cartórios.
✔ Consulte o processo diretamente no site do tribunal:
Use CPF ou número do processo para verificar a autenticidade.
✔ Não compartilhe dados pessoais por mensagens:
Evite enviar documentos por WhatsApp sem confirmar a identidade do solicitante.
Checklist rápido de segurança
- Recebeu ligação sobre valores a receber? Desconfie.
- Solicitaram taxa para liberação de precatório? Golpe.
- Advogado pediu transferência urgente? Confirme por outro canal.
O que fazer se cair em um golpe judicial?
Se você foi vítima, aja rápido:
- Avise seu banco imediatamente: para tentar bloquear a transferência;
- Guarde todas as provas: conversas, números de telefone, comprovantes de pagamento;
- Registre Boletim de Ocorrência (BO): presencialmente ou online;
- Comunique a OAB: se o nome de um advogado foi usado no golpe;
- Informe a vítima do uso indevido (advogado real): para que adote medidas.
A rapidez na denúncia aumenta as chances de localizar os criminosos.
Tabela: Sinais de alerta em possíveis golpes judiciais
Sinal de Alerta | Por que é suspeito? |
---|---|
Pedido de pagamento antecipado | Tribunais não exigem depósitos para liberar valores |
Contato via WhatsApp sem aviso prévio | Canais oficiais usam intimações formais |
Documento com timbre mas erros de redação | Indício de falsificação |
Senso de urgência (“pague hoje”) | Técnica comum de estelionatários |
Perguntas frequentes (FAQ)
1. A Justiça pode exigir pagamento para liberar valores?
Não. Custas e taxas judiciais são pagas em guias oficiais, nunca por depósito em contas pessoais.
2. Como confirmar se um processo existe?
Acesse o site do tribunal correspondente e busque pelo número do processo ou pelo CPF.
3. O que fazer se clonarem meu WhatsApp?
Informe contatos sobre a fraude, registre BO e comunique a operadora para recuperação da conta.
Conclusão
Os golpes envolvendo serviços judiciários estão crescendo e se tornando cada vez mais sofisticados. A melhor defesa é a informação e a prevenção. Sempre desconfie de solicitações de dinheiro, verifique dados em canais oficiais e jamais ceda à pressão de pagamentos imediatos.
Se cair em um golpe, denuncie rápido, preserve provas e comunique às autoridades. Só assim será possível reduzir os impactos e punir os responsáveis.